Música: canto lírico é o máximo. Você também pensa assim?

“Canto lírico é o máximo”

Música

Você gosta de música? Então vai se deliciar com esse bate-papo gravado na Bibliotheca Pública Pelotense. Em “Canto lírico é o máximo” entrevisto a Bacharel em Direito, Renata Gonçalves, pós-graduada em Ciência Política, que se rendeu ao seu sonho: música.

Acadêmica no curso de Bacharelado em Canto, UFPel (Universidade Federal de Pelotas), Renata cresceu em uma igreja evangélica imersa em um mundo repleto de música de louvor e adoração a Deus. Esse é o início da série: “Cleo Azevedo Entrevista no Viver Para Adorar”, sempre trazendo uma história que irá inspirar, desafiar e encorajar você a realizar os seus sonhos em Deus.

A música e Renata Gonçalves, sempre juntas.

A música de Renata

Após sua infância em Jaguarão, na fronteira Brasil – Uruguai, Renata fez direito na UFPel, mas nunca deixou de pensar na música. Então, quando surgiu a oportunidade, ela não pensou duas vezes, foi atrás do seu sonho. Enquanto completa seu curso de graduação em canto, trabalha como advogada. Ela falou ao VPA um pouco sobre seu dia-a-dia como estudante de canto lírico.

A revolução que um louvor ungido provoca

Conversando com essa jovem falante, pode-se perceber toda a inquietação própria da juventude em todas as épocas. Amei ouvi-la contar o “estrago” que a música “Eu vou (África) ”, do álbum Profetizando às Nações, cantada por Fernanda Brum, causou a sua vida.

As palavras desse louvor: “Como ouvirão se não há quem pregue? Como pregar se ninguém se dispõe a ir? Como crerão naquele de quem nada ouviram? ”, despertou muitos para o trabalho missionário, inclusive Renata. Também, quando fala, com sinceridade, o que significa, para ela, descansar em Deus: uma sensação de se jogar no vazio, sabendo que os braços do Pai de amor, em algum momento, irão ampará-la.

Cantor lírico também é profissão

Ninguém vai pedir a um médico que vá exercer medicina para Deus em tempo integral, ou ao advogado advogar somente para Deus. Há muitas profissões, e acredite, cantar é uma delas, tocar instrumentos também, apenas para citar algumas.

O importante é que esse profissional, independente da área que escolher, tenha uma vida alicerçada em tempo integral em Cristo, no que Ele ensinou, e, se tiver o privilégio de esta ser a sua profissão, melhor.

Gostou?

Conte-nos como você se sente em relação a tudo o que conversamos, e não saia sem antes deixar o seu comentário.

Nota importante: Meu áudio (Cleo Azevedo) ficou baixo, peço desculpas a todos. Aviso que esse defeito foi corrigido nas entrevistas seguintes.

Opções: áudio, texto e vídeo

Quer saber como é a vida de alguém que faz bacharelado em canto? Então você tem algumas opções: assistir ao vídeo, escutar o áudio (para quem deseja ouvir no carro, por exemplo) ou ler a íntegra da entrevista transcrita logo abaixo.

ÁUDIO

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA TRANSCRITA

Cleo – Olá, seja muito bem-vindo ao viverparadorar.com.br na sua sala de bate-papo que é o Canal do You Tube Viver Para Adorar. Você sabe que encontra aqui histórias de vida que vão lhe enriquecer como ser humano: inspirar, desafiar e encorajar você a realizar os seus sonhos em Deus.

Hoje estamos aqui com Renata Gonçalves, Bacharel em Direito, mestre em Ciência Política. E você acha que vamos falar sobre Vade Mecum e leis, não, porque agora ela está fazendo outro curso. Qual curso Renata?

Renata – Música.

Cleo – Qual especificamente? Música em que área?

Renata – Bacharelado em canto.

Cleo – Na Universidade Federal de Pelotas. Tu sempre gostaste de música?

Renata – Ah, sim. Acho difícil alguém que cresceu na igreja não gostar de música. Estamos envolvidos com ela, sempre.

Cleo – A Renata é cristã, e ela cresceu na igreja. Sempre fazendo louvor. Tu dirigias louvor na igreja também?

Renata – Sim, já fui líder de louvor.

Cleo – De que cidade tu és?

Renata – Eu sou de Jaguarão.

Cleo – Jaguarão para quem não sabe é uma cidade que fica na divisa do Brasil com o Uruguai, atravessando a ponte estamos “hablando español”.

Renata – É onde eu congrego hoje em dia.

Cleo – No Uruguai?

Renata – Isso.

Cleo – No Uruguai, olha que bênção! Nós queremos saber como é a vida de uma estudante de graduação em canto?

Renata – Quando a gente entra no direito dizem que é um leque de oportunidades, mas quando a gente entra na música, não é bem um leque de oportunidades. A gente se pergunta: “ Meu Deus o que que eu vou fazer? ”. Mas as pessoas focam em coisas diferentes. Não se canta e toca o dia inteiro, às vezes me perguntam isso. Seria até bem legal, mas não é isso que eu faço.

Temos várias aulas teóricas, não só de teoria musical. Então, além dessas aulas de teoria, e as específicas de teoria musical e harmonia, temos aula de história da música, história do instrumento, didática do canto, anatomofisiologia da voz. Porque como eu vou trabalhar com um instrumento que está dentro de mim, eu preciso entender o que está acontecendo dentro de mim.

Cleo – O tipo de música que tu cantas é mais refinado, não é? É música erudita, canto lírico.

(Renata Gonçalves canta Handel – Lascia ch’io Pianga, acompanhada pelo pianista Patrick Menuzzi)

Cleo – Nós estamos em um lugar próprio para falar sobre canto lírico, é a Biblioteca Pelotense. Ela tem um ambiente requintado, refinado que é muito bonito. A Renata já se apresentou aqui algumas vezes, não é?

Renata – O Conservatório de Música tem um salão de renome e qualidade acústica invejável, mas há quatro anos que ele está fechado. Desde que ele fechou todos os recitais de meio de curso, saraus e demais eventos culturais, que a UFPEL proporciona para a comunidade, são realizados dentro do salão da Biblioteca Pública.

Cleo – O público para canto lírico no Brasil como é?

Renata – A cidade de Pelotas é um pouco atípica, mas normalmente o canto erudito e o canto lírico ficaram um pouco elitizado. Não sei bem por que no Brasil é assim. Em outros lugares não é. Eu tenho sonhos de sair do país, porque eu já tinha sonhos de sair do país antigamente.

Cleo – É mesmo, quais.

Renata – Em algum momento da minha vida com Deus, eu me senti fora do eixo no lugar que estava. Eu era de Jaguarão, já estava em Pelotas, mas alguma coisa… aí um dia, a música da Fernanda Brum… quem gosta de Fernanda Brum conhece, “Profetizando às Nações”… aquele CD fez um estrago na minha vida…

Cleo – Uma revolução…

Renata – Eu escutava aquela música: “como ouvirão se não há quem pregue”? E me perguntava: porque eu choro?

Cleo – Tu tens essa vontade de ser missionária?

Renata – Nessa época eu acabei parando em uma igreja no Uruguai. Tive uma líder, (beijos Karin), minha eterna líder…. Eu havia acabado de voltar do CTM (Centro de Treinamento Missionário), e ela tinha um projeto de montar um grupo de missões no Uruguai… e ela montou um grupo de missões com a gente.

Naquela época eu comecei a sonhar com coisas que mexiam muito com a necessidade de estabilidade que eu sempre tive. Eu lembro que escrevi uma música assim… (Renata canta – E, saber que descansar em Deus é como se jogar no vazio, e, saber que Ele também é teu, pois da minha vida Tu tens o controle). Só que o vazio é péssimo. Com Deus a gente tem a sensação de estar caindo no vazio, mas, que em algum momento, os Seus braços vão estar no fundo e te segurar. É como aquela frase: te joga para trás que eu vou te segurar. Odeio ela…

Cleo – É interessante. Há momentos que Deus nos coloca em situações nas quais precisamos fazer exatamente isto: confiar nEle.

Renata – Então tive uma crise: “ – Eu vou ser missionária ”. Ia para o CTM. Aí, meu pastor não deixou! “ Como não? ”. “ Eu vou falar novamente com meu pastor ”. Eu falei com Deus assim, pode ser que ele não concorde, mas ele não me impedindo…

Para ter uma ideia, o meu pastor no Uruguai é pastor de várias igrejas. Faltam obreiros. No Brasil a gente não sente, mas sai daqui para você notar. Quando ele vai à igreja, vinte minutos são só meus: eu sento lá e conto a vida.

Cleo – É claro, como vocês já perceberam, a Renata gosta de falar.

Renata – É, eu comecei meio sem graça, mas depois fui acostumando. Eu demorei muito tempo para aprender o que é ser pastoreada, mas quando eu aprendi…então eu fico vinte minutos só de conversa. Cheguei um dia e fiquei lá, então eu perguntei: “Mas não é pecado, não é? ” E ele respondeu: “Não, pecado não é, e eu não posso te proibir”.

Eu pensei: “me dei, era tudo o que eu queria ouvir”. Ninguém vai pedir para o médico largar tudo, e dizer: “tens que fazer medicina para Deus”. Mas, se você canta, vão dizer: “tem que ser para Deus”. Aí, um dia, eu fiquei pensando “ O que é cantar para Deus? ”, pois posso estar cantando coisas que tem o nome de Deus e não ser para Deus.

Cleo – Quantos exemplos existem de pessoas que vendem milhões de discos e depois vai se descobrir que essas pessoas têm uma vida…

Renata – Dupla.

Cleo – Que não condiz em nada com a palavra.

Renata – Uma vida dupla. Aí eu disse para minha pastora que meu único sonho missionário era cantar, e eu achei tão pobre o meu sonho missionário. Ela me disse: “Não Renata, não é assim”. Eu comecei a estudar e comecei a amar aquilo, porque era difícil.

Um dia, eu nas minhas muitas crises por ano, por dia, por hora…eu disse: “preciso entender se eu estou no caminho”, e aconteceram várias coisas para me mostrar que eu estava. Uma delas, foi a visita de um tenor que mora em Londres e veio dar umas aulas na faculdade.

Eu perguntei a ele como era o mercado de trabalho, e ele me perguntou: “o que tu queres fazer? ”. Então eu, muito certa do que queria, embora há dois minutos atrás não estivesse, eu disse: “Eu quero cantar, eu não quero dar aula, não que eu não goste de dar aula, mas o que eu quero é cantar”. Ele respondeu: “Tu tens que sair do país”. Eu disse: “ Como? ”

Cleo – Gostei da ideia.

Renata – Ele começou a dizer o que eu deveria fazer… Cheguei na minha igreja olhei para o meu pastor chorando, porque eu sou a maior chorona, e disse assim: “Pastora, eu vi a luz no fim do túnel”. Comecei a juntar tudo o que eu sempre quis fazer.

Sempre gostei de atuar, sempre gostei de cantar, e a ópera, é o que eu mais gosto de cantar, embora seja o mais difícil. Eu vi a luz no fim do túnel. Comecei a juntar todas as coisas que eu queria, que eu já havia sonhado e que já haviam me dito.

Nunca esqueço de um pastor que me disse: “Tu vais alcançar muitas almas e não vais precisar falar nada”. Aquilo começou a fazer muito sentido agora. As coisas não faziam sentido antes, mas, então, elas começaram a fazer todo sentido.

(Renata Gonçalves canta Handel – Lascia ch’io Pianga, acompanhada pelo pianista Patrick Menuzzi)

 

VÍDEO

Deixe um comentário